Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, agosto 01, 2006

A arte de cultivar um vício, ou vários deles – uma história de café e até sobre ele

O que seria de nossas vidas sem os vícios?

Esses deliciosos “malefícios” (a olhos e ouvidos de alguns), que só deixam a vida mais saborosa e fácil de digerir. Um temperinho, um toque de prazer. Sem os vícios, a vida seria chata, linear, igual, entediante. E não venho aqui fazer apologia a nada em especial e sim venho falar, principalmente, desses hábitos cotidianos, desses pequenos malfazeres que nos transformam em seres humanos em comunhão com nossos instintos.

Como os vícios de linguagem, por exemplo, que eu prefiro chamar de toque de personalidade na fala do interlocutor. Que delicia não é ter um vício de linguagem? Uma palavrinha que você repete toda hora, tipo, tipo, TIPO. Ou um superlativo que só você usa, ou um prefixo que você adiciona a certas palavras, ou ainda uma entonação de voz, uma acentuação única e inerente ao seu discurso. Tem coisa mais gostosa do que falar do seu jeito e saber que ele é só seu?

Mas falemos de vícios mais mundanos, como o chá, o café, o cigarro... Você tá lá, em frente o computador. A coisa não anda, não ata nem desata. Aí você recorre, naturalmente, a um dos seus melhores amigos, o café, o cigarro, o chá ou o celular. Há quem, hoje em dia, esteja viciado em mensagens de texto via celular. Manda uma sempre que a ansiedade aperta. Outros preferem ligar para alguém, perguntar do tempo, combinar algo que nunca vai acontecer. A maioria ainda recorre aos vícios mais habituais, café, cigarro, chá. Não necessariamente nessa ordem, mas há quem acredite que uma coisa puxa a outra e é impossível tomar um café sem fumar um cigarro, ou fumar um cigarro sem tomar um café, a não ser que você não fume, é claro. Mas voltando ao ponto inicial, o importante é que, depois do chá-café-cigarro-celular, doravante referido apenas como O Quadrado do C Mágico, toda e qualquer tarefa flui muito melhor. Porque aquela ansiedade, aquela trava, aquele não sei o quê, se dissipou entre um trago e outro, um gole e outro, uma palavra e outra. Vício para alguns, inspiração para outros.

Obviamente, seria impossível escrever qualquer tratado sobre vícios sem citar os supra sumo da lista, os mais amados e, por conseqüência, mais odiados também, as bebidas alcoólicas. Consumidas em 99% das reuniões sociais de adultos e pseudo-adultos ao redor de todo o globo, essas maravilhas da criação humana, presentes em nosso cotidiano desde muito antes da humanidade tomar consciência de que um dia seu consumo seria taxado de vício, (vinho e cerveja são consumidos desde a antiguidade e eram, muitas vezes, considerados alimentos sagrados), são responsáveis pelas recordações mais engraçadas, ou ausência das mesmas, na vida de milhares e milhares de pessoas. Sem contar o fator aglutinador, relaxante e porque não dizer desinibidor de tais bebidas. É muito mais fácil reunir os amigos quando se diz “e tem um monte de cerveja gelada lá em casa”, ou a conversa fica muito melhor quando você sugere “vamos abrir um vinho?” e nada como uma caipirinha para deixar a feijoada incrivelmente mais saborosa.

Responsável por momentos de leveza e bem estar, piadas engraçadíssimas e atitudes mais engraçadas ainda, o vinho, a cerveja, a cachaça, o whisky, a vodka e todas as suas primas, irmãs e conhecidas são brutalmente mal interpretadas quando acusadas de provocar caos e desordem. Quando na realidade, sua função primordial é pura e simplesmente proporcionar momentos agradáveis onde quer que você esteja, com quem quer que você esteja, não importando se a sua situação e também a dos seus, antes do consumo, era boa, ruim ou mais ou menos. O importante é que tudo, em algum momento, fique bem.

Obviamente, o consumo excessivo e irregular não traz conseqüências muito agradáveis, como o consumo excessivo e irregular de qualquer outra coisa não traz também. Tente passar um dia inteiro comendo abacaxi só porque o bendito é rico em vitamina c, é bom para isso, aquilo e aquilo outro. No dia seguinte, você será nada mais nada menos, do que uma afta gigante sem saber o que fazer.

A partir desse ponto da conversa, eu poderia passar páginas e mais páginas descrevendo outros vícios, discutindo sua utilidade na vida do homem moderno ou total futilidade frente as mazelas da realidade mundana e blah blah blah... mas acho que já deu para pegar o espírito da coisa, não? O fato é que os vícios estão aí e são importantes para a manutenção da vida como ela é, apesar de toda a hipocrisia em dizer que eles corroem o caráter e destroem a personalidade. Por isso, venho aqui em defesa deles dizer que sim, vícios são legais e quem não cultiva um, por menor que seja (nem que seja o de usar ditados populares insossos nos momentos mais impróprios) que vá procurar algum.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom

20 novembro, 2009 04:38  

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