Chá ou Café?

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sexta-feira, janeiro 11, 2013

A fisiologia do automóvel – uma história de café, selvagem

para ler ouvindo


Todo motorista tem um quê de “senhor volante”.

Lembra aquele desenho do Pateta, o cachorro que fala diferentemente do Pluto, em que ele, um indivíduo pacato, se transforma num neurótico sanguinário ao assumir a direção de um carro?

Então, acho que todo ser humano se transforma no senhor volante quando vai dirigir um automóvel. Até a minha mãe, uma das senhorinhas de mais bom coração que eu conheço, vira outra pessoa quando tem duas toneladas em alta velocidade sob seu controle.

Parece que, ao terem o poder sobre um veículo, as pessoas perdem totalmente a empatia com os pedestres, como se não pertencessem mais à mesma espécie. É como se a pele do motorista se transformasse em fibra de carbono, seu sangue em gasolina e seu cérebro em fumaça.

A armadura de lata que protege, também serve para o ataque e é aqui que vou mais além. Já repararam como o visor do carro se transforma perfeitamente em uma mira? Sim, essas de arma.

O motorista tem sempre um quadro à sua frente, delimitado pelas paredes laterais, superior e inferior do carro. Sua visão nunca é total, sempre parcial. Entretanto, acho que isso não seja uma questão de gestalt, e sim de guerra.

Pode reparar, todo motorista quando vê um pedestre atravessando a via, dá uma acelerada só para dar um sustinho. É simples, o pedestre entra no seu campo de visão, ele ajeita o alvo na mira, engata a marcha ou coloca a bala na agulha, e pisa no acelerador ou aperta o gatilho.

O processo é exatamente o mesmo. Mirar, calcular a velocidade e atirar. O mesmo princípio de diversos joguinhos que qualquer um tem no celular, ou que um soldado tem em mente quando entra no campo de batalha.

Perdoem-me, mas todo motorista é um assassino em potencial. Com uma poderosa arma em mãos, um escudo de toneladas e uma cultura que subsidia todos os seus delírios assassinos, ele se vê no direito e, porque não na obrigação, de eliminar os fracos e os inferiores da sua frente.

Darwin. Apenas os mais fortes sobrevivem. E na selva de pedras, se parar o cimento engole, se correr o louco te atropela.

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