Chá ou Café?

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quinta-feira, maio 24, 2012

Viagem de elevador – uma história de café, de 2 andares


Eu pego o elevador para chegar no quinto andar. Quer dizer, eu também pego para chegar ao quarto, ao sexto, ao sétimo. Ao décimo terceiro, com certeza. Ao vigésimo primeiro, indubitavelmente. Mas eu não pego elevador pra chegar ao segundo. Muito menos no primeiro. Terceiro? Talvez. Acho que nunca encarei frente a frente esse desafio.

A verdade é, quando eu posso, eu evito elevador. Não. Não tenho fobia. Ou acho que não tenho. Mas elevador é um troço desconfortável. Se você está sozinho e olha para o espelho, se sente um babaca. Se ele está cheio e você olha para o espelho, se sente mais babaca ainda. Se você encontra um vizinho, tem que achar assunto. E haja assunto se a viagem é longa.

Elevadores corporativos são piores. No horário do almoço, sempre vai apertado. As pessoas espremidas. Risos nervosos. É bom torcer pra não ficar do lado daquele cara que caprichou na cebola crua da salada, ou do outro comendo um picolé.

Pior é quando é só você e mais um. Do sexo oposto. E rola um desconforto. Ou quando entra a mulherada do escritório de moda. E você pensa nas suas roupas e olha para elas. E elas olham para você e a viagem não acaba.

Não há viagem mais longa do que a de elevador. Dura muito mais do que uma viagem de mescalina com ácido. E é muito, incomparavelmente, mais chata, mais cinza, mais apagada e sem diversão. A única parte que salva é aquele friozinho na barriga quando você vai num andar bem alto nesses elevadores velozes que têm que diminuir a velocidade bem próximo da hora de parar. E mesmo assim, não vale a viagem.

Quando eu posso, sempre opto pelas escadas. Pé após pé. Exercitando os joelhos. Joelhos são importantes. É o que eles dizem. E eu concordo. Sim. Mesmo que alguém esteja segurando a porta para mim, eu prefiro a escada. Mas sempre agradeço e tento me explicar, meio sem graça. Nessa hora, é melhor abraçar a causa da fobia e pronto.

O ponto é, não tenho medo dele cair. Não acho o enclausuramento algo exatamente desconfortável. O que realmente me incomoda é a viagem. Aquele tempo paradinho ali dentro, enquanto a caixa sobe ou desce. O cativeiro. A convivência forçada com pessoas que você não precisava encontrar, ou mesmo com um espelho. Não consigo nem pensar na vida dentro de um elevador. Deve ter a ver com a gravidade. É. A gravidade da minha loucura. Só se for.

Elevadores panorâmicos? Bah. Prefiro a solidão de estar no topo sozinha ou embaixo pequenininha no meio da multidão. Quer me convidar para algo, me chama para qualquer coisa. Menos para uma viagem de elevador.  

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