Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...
Mogno - uma história de chá, amargo
Era
delicado. Era frágil. Era sensível. Carne macia. Aparência
aveludada. Tez rosada. Como qualquer outro deveria ser. Cresceu.
Esticou. Enrijeceu. Começou a acumular. Acumular cores. Acumular
pessoas. Acumular imagens. Acumular sentimentos. Acumular emoções.
Acumular alegrias. Acumular descobertas. Acumular decepções.
Folha
sobre folha. Camada sobre camada. Não sobre não. A casca foi
ficando mais forte. O interior mais protegido. O exterior mais
arisco. Menos flexível. Mais repetitivo. Mais resistente. Menos
penetrável.
O sol
entrava menos. A escuridão crescia mais. A carapaça cada vez mais
grossa. Partia-se levemente em algum movimento brusco. Nunca mais
repetia tal ousadia. Fechava-se a fenda uma vez mais. Pra nunca mais
abrir.
Pouco se
mexia. Pouco conseguia. Preso, parado na própria prisão que
construíra. Olhava assustado. Lá fora. Não. Proteção. Olhava pra
dentro. Pouco via. Não tinha por onde entrar luz. Escuro, úmido.
Pequeno. Assustado. Fazia esforço para sentir a pele de novo. A pele
macia. Não sentia. Era áspero. Era rígido. Era sólido. Era aço.
Era o que se fizera ser.
1 Comentários:
Que bonito, e triste. Tantos de nós assim.
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