Chá ou Café?

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quarta-feira, janeiro 23, 2013

O isqueiro e o homem moderno – uma história de café, faiscando


Proponho aqui um estudo antropológico e comportamental sobre a escolha da cor do isqueiro na sociedade atual.

Isso, aquele isqueiro-bic que pode ser comprado em qualquer banca, padaria, porta de balada e que, apesar de sua utilidade, é um objeto totalmente descartável. Descartável porque, quando em situações sociais, esse tipo de isqueiro dificilmente volta ao seu ponto inicial, parando acidentalmente no bolso, bolsa, ou mão de outrem.

Entretanto, apesar de ser um bem de pouco apego, ao comprar um isqueiro as pessoas geralmente já sabem que ele será perdido, cedido, ou compartilhado para nunca mais voltar, percebo que rola um carinho na hora da escolha da cor do pequeno aparelho incinerante.

Porém, apesar da atenção, trata-se de uma escolha muito limitada. Primeiro limitada pela gama de opções de cores que nunca é muito grande. Ao escolher a cor de uma camisa, ou a nova tonalidade da parede da cozinha é possível ficar louco com a quantidade de alternativas. Mas para um isqueiro, não.

Você tem a cartela com 5 ou 10 opções de cores. Nada muito criativo como verde-água ou salmão. Todas cores mais básicas. Talvez, inclusive, fosse o caso dos profissionais de moda se atentarem a esse grande filão do mercado. Curadoria para escolher a cor do isqueiro, uma para combinar com cada roupa. Listrado, oncinha, xadrez, com babado, degradê, renda, gola rolê. Enfim, você tem lá uma ou meia dezena de cores, todas básicas, preto no branco, amarelo no verde, vermelho no azul.

Todavia, e agora sim chego no cerne da questão, todavia, essas cores vão se extinguindo. O primeiro que chega tem 10 opções, o segundo, 9, e assim sucessivamente até que alguém tenha apenas duas opções, ou o não-tem-tu-vai-tu-mesmo. Não importa se você odeia amarelo. É o que tem, vai ter que levar mesmo assim. Ou você detesta preto e verde, vai ter que escolher o menos pior.

Claro, isso não muda a vida de ninguém, afinal, o importante aqui é a função do objeto e não a sua roupagem, mas na hora da compra, o atendente sempre pergunta “qual cor?”. O comprador pede a que mais lhe agrada, ou menos desagrada, o que é uma decisão que invariavelmente envolve sentimentos. E como não se chatear, se você odeia marrom, e só tem marrom?

Existem, é claro, também as vezes que você sai com um isqueiro branco e volta com um rosa, ou um rosa e um azul, ou sem nenhum também. O que não faz muita diferença no processo todo de escolher a cor do isqueiro. Seu poder de decisão é, portanto, mínimo. Depende de conjunções interplanetárias, posição das nuvens, sorte, casualidade e um tiquinho assim de intervenção divina.

Desta forma, colocando um fim nesse breve estudo, eu concluo que não é você quem escolhe a cor do seu isqueiro, mas a cor do isqueiro que escolhe você.

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