Ao contrário do que eu
achava ter aprendido na escola, o sol não é uma bola sólida de
terra incandescente, queimando sem parar. Ele é um aglomerado de
gases e metais, girando em torno de um núcleo também feito de gases
e metais, o que o faz estar bem distante de um sólido ou de uma
massa homogênea.
O que une esse monte de
gases e metais nesse formato circular é uma energia tremenda que
atrai uns aos outros e os mantêm unidos brincando de rodar na mesma
direção. É como ficar para sempre no looping da montanha russa sem
correr o risco de cair.
Ou seja, o sol é um
aglomerado de muita energia.
Aí eu paro e penso.
Como é que essa fonte, vamos dizer praticamente inesgotável de
energia, não se cansa de fazer sempre a mesma coisa? Como é que
aguenta levantar todo dia e se por todo dia, pra voltar no dia
seguinte e fazer a mesma coisa, e fazer a mesma coisa, e fazer a
mesma coisa.
Com tanta energia
disponível e tantas oportunidades e possibilidades por aí? Ficar
sempre no mesmo...
É pior que o castigo
de Sísifo!
Eu que não tenho um
milionésimo de toda a energia do sol, mal aguento a prisão da
rotina diária, imagina ele?
Pensa, o que é ter boa
parte de toda a energia do universo, tá bom, do universo não, da
Via Láctea e não poder gastá-la com coisas mais interessantes do
que girar em torno de si mesmo igual cachorro correndo atrás do
rabo.
Eu e minha modesta
energia mal conseguimos ficar paradas um dia inteiro no escritório,
imagina se tivéssemos que passar o resto da vida girando feito
tontas, enquanto os amigos e familiares orbitam ao redor.
O sol é um guerreiro!
Sempre fui uma das
maiores fãs do sol. Carteirinha do clube e tudo. Fico triste quando
ele não aparece e admiro muito sua resignação em dar as caras todo
santo dia, mesmo que às vezes umas nuvens recalcadas ofusquem sua
beleza. Mas nunca imaginei que seu esforço fosse tamanho.
É fato. Meus dias
ficam muito mais alegres quando o sol brilha no céu. As cores ficam
mais bonitas, as pessoas mais atraentes e mesmo as tristezas mais
escondidas. Mas daqui pra frente, mais do que tudo isso, agora ele
virou sinônimo de paciência.
Aguentar fazer a mesma
coisa todo dia, milhares e milhares de anos, talvez por toda a
eternidade, tendo energia suficiente para correr o universo inteiro
e, mesmo assim, aceitar sua sina facilmente não é pra qualquer um.
O que me leva a uma
última pergunta. Será que ele faz tudo isso de bom grado, ou
obrigado? É trabalho escravo, voluntário, ou assalariado?
Independente da
resposta, só espero uma coisa. Que nunca em sua existência, o sol
tenha que encarar a ansiedade gerada pela superestimação de sua
produtividade.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial