Chá ou Café?

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quinta-feira, março 01, 2007

Casamento, um contrato empresarial – uma história de café, amargado

Outro dia ouvi uma ótima: se uma coisa é proibida ou vira lei, é porque antes disso, deveria acontecer pra caralho. Igual quando você chega em um lugar e está ali escrito em letras garrafais “Não fazemos fiado”. Com certeza o dono do estabelecimento já tomou um cambau tão grande antes disso, que agora não consegue mais finalizar uma única transação sequer, sem antes perguntar se o dito cujo tem como pagar.

Desta primeira premissa, eu comecei a pensar no casamento, que afinal, nada mais é do que abrir uma empresa em conjunto com alguém. Você faz um contrato, acorda como vão viver, o que é seu, o que é da outra parte e, fatalista como qualquer negociação comercial deve ser, você ainda determina o que vai acontecer quando vocês (sim, invariavelmente segundo as novas doutrinas mercantilistas) se separarem, afinal, toda empresa que se preze está correndo o risco de falir, ruir e quando isso acontecer, você deve saber para onde correr. Nos dias atuais, ninguém pode se dar ao luxo de viver na incerteza, sem saber como será o dia de amanhã, mesmo que você não tenha nem condições de saber se vai efetivamente chegar a esse dia.

Ah, bons eram os tempos dos casamentos hippies... Paz, amor e sexo livre! Isso sim é que deveria ser vida. Casar com os pés descalços tocando a grama, roupas largas, frases soltas, palavras suaves, nenhuma preocupação. Mas, ao que tudo indica, esse negócio de casamento ser uma ação contratual remonta ao direito romano. Os bons e velhos sábios da antiga Roma já celebravam suas uniões matrimoniais com a assinatura de papéis autenticados, oficializando a aliança. O que me leva a pensar que, para que esse tipo de coisa passasse a existir, antes a putaria entre os casais deveria ser muito grande, levando todos eles a se organizarem e exigirem leis que os protegessem e oferecessem segurança. E isso me leva a uma outra lei, aquela em que a um cidadão lhe é proibido casar com a ex-sogra ou ex-sogro, não importando a situação civil de ambos. Sogro é sempre sogro e ponto final. Ou seja, se isso hoje é proibido, é porque antes acontecia pra caralho! Que mundo bizarro.

Mas nisso tudo, o que mais me assusta, realmente, é o fato de você já começar a relação pensando que ela pode, ou vai acabar. Contratos gigantes organizando os bens para uma possível separação, dores de cabeça, advogados. Se vai acabar, porque então começa? Ok, talvez eu esteja sendo um pouco radical, se prevenir é sempre bom e por mais amor que exista, a gente nunca sabe do futuro. Mas pra mim, me parece um pouco insensível demais ter todo o fim estabelecido, organizado, mesmo antes do começo.

Sei lá, batendo na mesma tecla, se hoje as coisas são assim, é porque antes já deu confusão demais não ter nada estabelecido ou acordado, mas por mais lógico que tudo isso seja, me assusta, realmente me faz pensar no que a humanidade está tomando como verdade hoje em dia e o que mais vamos inventar.

Bem, sendo esse um assunto sem fim e aparentemente sem começo também, deixo aqui registradas as minhas impressões e me excluo de levantar sugestões, mesmo porque não as tenho. Prefiro, dessa vez, assumir descaradamente meu papel de observador e ver se, em algum momento, vamos parar de teorizar até o amor.

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