Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, agosto 22, 2006

Trabalho para quê? – uma história de chá, de boldo

O ser humano dito produtivo para a sociedade trabalha cerca de um terço do tempo total de sua vida. Considerando o sono de 8 horas por noite, (um terço do dia) e a carga horária padrão de trabalho de 8 horas por dia, (sem esquecer, obviamente, que fora do mundo ideal, as pessoas trabalham 10, 12, 14 horas, finais de semana, madrugadas e horários de almoço, porque afinal, o mundo não pára e tempo é dinheiro), ou seja outro terço, restaria-nos ainda 8 horas para total desfrute do ócio e próprio prazer. Restaria-nos porque sabemos que, na realidade, essas 8 horas que faltam são gastas entre acordar, se arrumar, tomar café enfrentar o trânsito matinal, almoçar, se aventurar no trânsito de volta para casa, jantar e voltar a dormir, não necessariamente as tais 8 horas propostas anteriormente.

Ou seja, a única coisa que fazemos é trabalhar. Agora, que existência ínfima é essa onde a nossa atividade majoritária é executar algo nem sempre muito prazerosa a fim de receber alguma remuneração depois de um determinado tempo? Não tinha um jeito mais fácil de todo mundo ser feliz? Não seria mais fácil se as pessoas simplesmente passassem os dias tomando sol, pulando na piscina, conversando com aqueles que se ama e vendo o tempo passar? Suponho que não.

Desde a antiguidade, o homem necessita se sentir útil, saber qual é a sua função nesse planeta para justificar sua inexplicável existência. Antes, o trabalho do homem era caçar, prover o alimento e proteger a família, enquanto a mulher cuidava da casa e das crias. Até que um belo dia, alguém inventou a terceirização, devo ressaltar aqui, uma solução simples, óbvia e por mim muito admirada. Ou seja, esse alguém, tomando conhecimento de sua inteligência e sabedoria, percebeu a quantidade de tempo que estava desperdiçando com as banais atividades cotidianas e resolveu oferecer algo em troca para que alguém fizesse tais serviços por ele, enquanto poderia aproveitar as facilidades da vida a seu gosto. Assim, o contratado dependia do contratante e o contratante podia obrigá-lo a fazer o que quisesse, mediante pagamento no final do mês. Criava-se então o emprego, o empregador e o empregado.

Obviamente, a continuação dessa história é longa, mas todo mundo conhece as linhas gerais, escravidão, servidão, feudalismo, mercantilismo, capitalismo, comunismo e blah blah blah. O importante aqui não é o sistema adotado para a exploração do laboro humano e sim, o fato de que aconteça o que acontecer, nós simplesmente não conseguimos ficar sem trabalhar, sem afirmar a nossa importância no girar do globo, contribuindo para sei lá o quê.

Você coloca 10 pessoas numa ilha deserta, logo cada uma delas vai assumir um papel, uma delas vai liderar, as outras obedecer, uma discordar, mas todas vão arranjar algo para trabalhar. Seja um plano de fuga, a construção de uma casa, turnos para pesca e caça, o que quer que seja. Ninguém iria simplesmente sentar e esperar o tempo passar. Porque afinal, há que se fazer algo para sentir que o tempo passa e que a recompensa virá, seja ela em forma de fim de semana, comida gostosa ou bote salva vidas.

Apenas respondemos a instintos. Não sabemos o que viemos fazer aqui. Trabalhamos para tornar essa existência mais cômoda e ocupar nossas mentes. Nos recompensamos com distrações culturais, artísticas e gastronômicas e exploramos os inferiores como forma de afirmar nossa inerente superioridade não importa quão minúsculos sejamos.

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