Chá ou Café?

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quarta-feira, novembro 08, 2006

Malditos sejam os Contos de Fadas – uma história de chá, de pirilimpimpim

As vezes eu me pergunto como efetivamente se deu o “felizes para sempre” de grandes ícones da minha infância, como a Bela Adormecida e o Príncipe, a Rapunzel e o Príncipe, a Branca de Neve e o Príncipe. Alias, é interessante notar que apenas a noiva tem um nome próprio. O noivo é simplesmente “o príncipe” que aparece apenas no final da história e salva a mocinha para que, finalmente, eles possam formar um belo casal, vivendo felizes para o resto de suas vidas (seria esse favorecimento feminino reflexo dessa sociedade que já foi extremamente matriarcal um dia?)

Será que transportando as histórias da carochinha para o mundo real, encontraríamos a Cinderela gorda e ensebada, atrás de um fogão sujo, com três crianças aos berros agarradas à sua saia, enquanto o príncipe, todo maroto, de cueca e barrigão à mostra, gritaria do sofá da sala que quer um potinho de amendoim e outra cerveja?

Porque é que nos ensinam que, depois de encontrar o príncipe ou a princesa de nossas vidas, tudo será feliz para sempre, a história vai se acabar e o livro vai se fechar, quando na realidade, é apenas um novo capítulo começando? Bons eram os tempos em que o galã encontrava a moçoila, beijava-a tenramente e tudo terminava com felizes para sempre e o fim. Depois disso, era só abrir outro livro, virar a página, mudar a brincadeira e esquecer que o “sempre” ainda significaria muito, mas muito tempo.

Que fim leva o “sempre” na realidade? O que acontece com aquela porção de menininhas que cresceram ouvindo contos de fadas, passaram a adolescência inteira esperando pelo sapatinho de cristal e quando finalmente encontraram um forte candidato a rei, passaram a viver os dias a espera do casamento para que, logicamente, tudo terminasse com mais um final feliz. A vida continua minha gente. O maior dos sonhos (para alguns) se realizou, mas ninguém contou que agora é preciso vivê-lo até o fim. É preciso convivência, boa vontade, paciência e muita coisa que as fadas madrinhas nunca nos contaram para levar toda essa história a diante.

Até onde eu sei, os reais contos de fadas, surgidos na Idade Média se não me engano, eram assustadores, cruéis, com passagens violentas e até sexuais para colocar medo mesmo. Até que alguém decidiu transformar tudo aquilo em lindas histórias meigas para embalar os sonhos de crianças indefesas e fez-se o caos.

Não que hoje a culpa de tantos casamentos mal sucedidos, paixões mal interpretadas e decisões precipitadas seja apenas reflexo de uma infância romantizada. Mas durante meus “anos de inocência”, nunca parei para pensar no que aconteceu com a vida da Gata Borralheira depois que encontrou seu príncipe, muito menos alguém veio me contar. Era só fechar o livro e pronto. Todos os personagens estavam aprisionados naquele mundo de fantasia, vivendo e revivendo aquele mesmo sonho. Talvez se alguém tivesse me contado que o marido da Pequena Sereia virou um alcoólatra e batia nela toda noite quando chegava em casa, ou que a Bela tinha abandonado os quatro filhos e o marido para fugir com um astro de cinema, minha visão sobre “felizes para sempre” teria sido diferente.

Mas enfim, quando eu era pequena, fechava o livro e ficava imaginando que histórias incríveis aqueles personagens estariam vivendo na sua felicidade infinita. E, hoje em dia, eu desligo o computador e tento não pensar em nada, absolutamente nada, sobre todas essas coisas que no fim, dizem por aí, sempre acabam bem.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Dá pra viver "feliz para sempre"? Sei lá... Acho que felicidade é apenas um estado de espírito. Existem momentos na vida em que somos extremamente felizes a ponto de não acreditar que isso acabará um dia. Mas em outros momentos (na maioria deles) sentimos que buscamos a felicidade a cada instante, mesmo que a tenhamos em nossas mãos. A verdade é que o ser humano é um eterno insatisfeito e, diante disso, nunca haverá felicidade plena.

Às vezes, encontrar o príncipe encantado pode não trazer tanta felicidade como estar só e se redescobrir, dia após dia, fazendo sempre aquilo que gosta em prol da SUA felicidade. Só sua! Sem se preocupar com uma segunda pessoa. Em contrapartida, o príncipe pode ser um complemento para que você atinja a sua felicidade. Tudo vai depender do quanto você precisa dele... E daquilo que você realmente precisa naquele exato momento. Sendo assim, pergunte à você mesmo do que você realmente precisa AGORA para ser feliz!

Independente da resposta, é bem capaz que você não tenha a solução... Nesse caso, deixe as coisas acontecerem naturalmente. Afinal, com ou sem felicidade, o seu príncipe está a sua espera. Um dia você o encontra. Pode apostar! E enquanto ele não aparece, seja feliz de outra maneira... cuidando de si mesma! Porque quando ele aparecer, as atenções terão que ser dividas. Pense nisso!

Beijos...

09 novembro, 2006 13:11  
Anonymous Anônimo disse...

Só de uma coisa... nunca darei livros de contos de fadas aos meus filhos!!! Rs.

10 novembro, 2006 13:36  

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