Chá ou Café?

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quinta-feira, dezembro 14, 2006

Alucinando, uma realidade – uma história de chá, de Salvia Divinorum

A realidade não passa de uma grande alucinação. Mas não uma alucinação coletiva, como uma grande Matrix. A realidade é um conglomerado de alucinações individuais convivendo e colidindo. Isso porque cada um de nós tem a sua visão e interpretação única e exclusiva do mundo, resultando numa concepção de realidade “privativa”. E sendo esse conceito uma leitura muito particular daquilo que se vê, está sujeito a filtros, físicos e ideológicos, criados por aquele que a tudo observa.

Em termos práticos, o fato de eu ter um certo grau de miopia e você de astigmatismo já altera radicalmente nossa noção de realidade. O que para mim, lá longe não existe, para você faz sentido. Enquanto isso, o que eu te mostro aqui, você não consegue nem ver. Desse modo, não habitamos o mesmo mundo, não conhecemos a mesma verdade e não compartilhamos de um mesmo estado real. Nossas realidades apenas se encontram e se mixam, propiciando uma interação, mas não significa que estejamos dividindo o mesmo plano.

Da mesma forma, ideologias diferenciam completamente a minha realidade da sua. Podemos observar a mesma cena, mas o modo com que eu a enxergo e interpreto de acordo com os ideais aos quais acredito é diferente do modo com que você faz o mesmo, resultando em duas realidades distintas mesmo que oriundas de uma base igual. Daí você pode sugerir que a realidade é sempre a mesma, o que muda é como cada um a vê. Mas eu acho que a coisa vai mais além. A realidade é ilusória. Um acúmulo de coisas e vontades que nós queremos que estejam ali. E como as pessoas nunca querem as mesmas coisas, essa realidade é individual e intransferível, como as meia-entradas em shows de estádio.

Assim, ao longo do tempo, cada um vai construindo sua própria realidade, sua própria alucinação. Deste modo, é irreal que certas pessoas gastem a vida toda tentando explicar algo que para elas é obvio, mas que para outros simplesmente não está ali. Como aquela mania de teorizar tudo. Absolutamente inútil. Nada é exatamente daquele jeito para ninguém, as leis que regem o universo e as regras que controlam nossos organismos são diferentes para cada um e isso se traduz em várias verdades, todas certas, porém nenhuma absoluta.

Não adianta tentar generalizar, como muitas vezes não adianta tentar entender. Somos apenas um monte de loucos vagando perdidos num universo ilusório, tentando buscar um sentido em tudo, quando na realidade nada realmente faz sentido. Quando você se dá conta de que nada muitas das coisas nas quais você acredita apenas têm sentido na sua cabeça, você percebe que é uma perda de tempo deslocar energia para se preocupar com picuinhas.

E no meio dessa sucessão de alucinações, felizes aqueles que conseguem se distanciar da massa e apreciar o quadro visto de cima. Um mosaico impressionista, caleidoscópio de percepções, apenas a beleza da insensatez da vida.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Curiosamente, em uma viagem não-psicodélica, porém intensa, cheguei a conclusão de que a viagem não é algo real. O único critério para decidir qual é real, é na verdade a resposta da pergunta "em qual estado nascemos, em qual estado a seleção natural fez sua modelagem?". Como sempre voltamos a esse estado normal, sóbrio, quer dizer que reagimos aos outros estímulos externos (perigos, doenças, decisões me geral) melhor nesse estado, no estado sóbrio.

A halucinação pode trazer respostas aos problemas da vida sóbria, porém, quando se trata de analisarmos muitas informações de uma vez e tomar decisões levando em consideração todos os pontose espectos, nos damos melhor na forma sóbria. É que o que teoria da seleção natural aponta em clara luz quando aplicada a este assunto.

Palavra de biólogo.

31 julho, 2009 01:46  

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