Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

São Paulo rumo à Atlântida (é de colete salva-vidas que eu vou) – uma história de café, transbordando

É dezembro. O Natal se aproxima e o verão também. E com ele, toda a fúria das tempestades veraneias. Morando em São Paulo, além de poder desfrutar de toda a diversidade, oportunidade, opções de gastronomia, cultura e lazer, você ainda pode se deliciar com as aventuras e surpresas da temporada das chuvas.

Nada como passar horas no trânsito parado no mesmo lugar, vendo o farol abrir e fechar, abrir e fechar, abrir e fechar, enquanto você anda apenas um par de centímetros. Ao mesmo tempo, do céu, as águas se jogam impiedosamente e, aqui na terra, nós mortais pagamos todos os nossos pecados. Numa cidade em que o transporte coletivo é ineficiente frente a grande massa que dele depende, a quantidade de automóveis particulares ultrapassa os limites do suportável e os bueiros e outras válvulas de escape para o acúmulo das águas não dão conta do recado, é de se esperar que chuvas e tempestades não sejam mais apenas fenômenos da natureza e sim obras do diabo, muito bem planejadas e articuladas, visando o caos e a insanidade coletiva.

O mais interessante é que, possuindo essa incrível faculdade de se adaptar a qualquer situação, seja ela boa, ruim, ou desesperadora, nós, os seres humanos, nesse caso os seres humanos que vivem na metrópole paulistana acabam se acostumando com a violência das precipitações e já esperam preparados o pior que está por vir. É gente que coloca calço nos eletrodomésticos e móveis para, na hora da enchente, não perder tudo, gente que improvisa barreiras como castores, gente que descobre caminhos alternativos para ir e vir. O comércio ambulante também se supera a cada nova estação. Capas de chuva de plástico a preços promocionais, guarda-chuvas que duram apenas um vendaval e agora, a sensação do verão: coletes salva-vidas. Isso mesmo, senhoras e senhores, coletes salva-vidas. Parece até mentira, mas não é. Sabe quando aquela avenida vital para o bom funcionamento do tráfego de carros simplesmente alaga em proporções monstruosas, carros saem boiando, pessoas contraem leptospirose e crianças lançam barquinhos de papel rumo ao “mar? Então, para essas ocasiões, agora os menos afortunados pegos de surpresa pela raiva de São Pedro não precisam mais sofrer do terror de se afogarem. Para todos eles e todos os outros que possam vir a temer, temos, finalmente, os intrépidos vendedores de coletes salva-vidas, oferecendo o exótico artigo pela pechincha de vinte reais! É ou não é um bom negócio?

Juro que já tinha visto pela TV gente saindo de casa em botinhos, canoas, mesas, portas... mas colete salva-vidas é novidade. Imagina só você parado no trânsito, o ambulante oferece: água, biju, pipoca doce, ou colete salva-vidas? É ou não é para chorar, de rir ou de tristeza mesmo. É nesse momento que as piadas encontram a realidade. Aquele negócio de ir trabalhar de jet sky, barco, banana boat ou boinha, dia após dia, torna-se mais possível, ou então é rezar para disponibilizarem logo para a grande massa aquele automotivo do James Bond que além de turbo, laser e metralhadora, ainda possui funções subaquáticas.

Outra opção é se conformar com o fim do mundo, aceitar a chegada do dilúvio, agarrar seu parceiro e entrar na arca, porque, dizem por aí, a jornada é longa, o comandante é um bêbado desorientado e ninguém sabe mesmo onde tudo isso vai parar.

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