Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, novembro 14, 2006

E o tempo passa para todo mundo - uma história de chá, envelhecido

Houve um tempo em que, para mim, a expressão máxima da diversão era tacar água e sabão no chão de lajota do quintal pra ficar bem escorregadio e passar a tarde inteira rastejando de um lado para o outro, me sentindo uma espécie de anfíbio, até acabar com a barriga toda ralada e machucada. Depois, era só entrar em casa e comer bolinho de chuva com leite e achocolatado que a mamãe tinha preparado e dormir na frente da TV feliz da vida.

Então, veio a fase em que bom mesmo era juntar uma porção de meninas, ir almoçar em algum lugar barato, fazendo bastante barulho a refeição toda (só mulheres, digo adolescentes, são capazes de fazê-lo com primazia) e em seguida, caminhar até a rua dos meninos, passar a tarde toda falando abobrinhas, dando risadinhas e olhando de um lado para o outro.

Aí, veio a fase em que a boa era juntar uma galera grande e eleger um boteco, daqueles com ovo colorido e franguinho boiando na gordura, para ir sempre, chamar o garçom de algum nome carinhoso e beber breja de garrafa até não agüentar mais.

Com o fígado um pouco mais exigente, os ossos cansados e o nível de tolerância mais baixo, vieram as aconchegantes reuniões na casa dos amigos. Menos bebida, mais comida, melhor gosto musical, assuntos mais coerentes, sofás, tapetes, pufes confortáveis e artigos de comer e beber de qualidade.

Aliada à nova fase, veio o gosto pelo chá e pelo café. Apreciar a pureza e diferença entre um tipo e outro, ainda que cultivando a mesma habilidade para vinhos e cervejas. Sentar em uma cafeteria e sentir-se refeito com o calor de um cappuccino bem preparado ou a pureza de um chá verde.

Atualmente, fico feliz quando vou ao cinema e não durmo durante o filme, quando não tenho que fazer hora extra ou quando o trânsito não me deixa parada no mesmo lugar por mais de meia hora. Também gosto quando faz sol no domingo, quando não tenho insônia e quando toca a minha música preferida (e velha) no rádio. Adoro o aconchego de lençóis limpos, tomar café da manhã com tempo e ouvir música enquanto tomo banho.

Gosto de fazer chacota dizendo que estou velha quando, na realidade, ainda não estou tão velha assim por mais que tudo tenha drasticamente mudado na minha rotina e gostos pessoais. Dizem por aí que a vida começa aos 40, nesse caso, ainda tenho mais um tempo nesse estado embrionário, descobrindo as oportunidades e facilidades desse útero, absorvendo coisas boas e ruins de um tal cordão umbilical que eu não faço a menor idéia de onde esteja.

No fim das contas, acho que certas coisas nunca mudam e tem tardes que eu ainda consigo sentir a mesma alegria das férias de infância, apenas sentindo aquele cheiro de grama molhada e o barulho da chuva batendo no portão.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Esse texto trouxe saudade da minha infância... rs. :-(

Bjos.

16 novembro, 2006 13:35  
Blogger Kel disse...

a mim tbem...

17 novembro, 2006 11:09  
Anonymous Anônimo disse...

acabei me sentindo + jovem.

17 novembro, 2006 18:04  

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