Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Admiráveis vícios novos – uma história de café, cyber café

Dizem por aí que estamos na era da informação. Sites se vangloriam com a máxima do “notícia minuto a minuto”, a internet coloca o mundo inteiro à sua disposição com apenas um click, a telefonia celular, os satélites, os GPS, a tecnologia wireless e mais uma porção de coisas te jogam para dentro de um mundo interligado, você tem a sensação de fazer parte de uma (ou A) rede.

Toda essa liberdade e agilidade (ou seria escravidão por vontade própria) que as telecomunicações trouxeram para o homem moderno têm um custo. E não é apenas o custo material não, é principalmente quanto vale a sua sanidade mental. Atualmente, me considero uma viciada em internet. Quando era adolescente, tive a fase de viciada em telefone (a maioria das meninas passa por isso). Hoje, simplesmente troquei de vício. Praticamente não assisto televisão, só vou ao cinema, mas consumo toneladas de lixo cibernético. Qualquer dúvida, consulto os arquivos infindáveis da internet, se preciso falar com alguém, recorro ao msn ou email. Forço-me a manter distância do computador nos fins de semana, mas as vezes é impossível controlar, comportamento de viciado mesmo.

Esse fim de semana, esqueci o celular no carro de um amigo e passei o Domingo sem o dito cujo. Não que eu receba ligações incessantemente, as vezes dias inteiros se passam sem que nada aconteça, mas sei lá, sabe aquela segurança, aquele poder de encontrar as pessoas e ser encontrado, ou simplesmente porque ele é um bem eletrônico voltado à comunicação e é MEU, queria tê-lo ao meu lado. Com o perdão do exagero, cheguei a me sentir semi-nua longe do meu pequeno localizador e foi um grande alívio revê-lo (não, ele ainda não tocou), é como se a vida voltasse a sua normalidade.

Antes do acontecido, ainda não tinha me dado conta de quão dependente eu sou dessa nova tecnologia. E pensar que, na minha infância, música se ouvia em LPs ou fitas cassete, telefone era de disco e apenas para emergências, filme era no cinema ou no vídeo-cassete e computador era coisa de história de ficção cientifica. A medida que eu fui crescendo, fui assimilando as novidades, cds, telefones celulares, identificadores de chamada, MP3s, DVDs. Hoje em dia, parece engraçado que, antes, tudo isso a qual baseio minha rotina simplesmente não existia e todos viviam super bem com isso.

Vivemos a era da invasão. Você pode achar alguém ou ser achado com apenas um toque de celular (com alguma astúcia, também pode fingir estar em algum lugar que não está ou ignorar alguém indesejável), sistemas internos de câmeras filmam os passos de transeuntes nas ruas, compradores e funcionários em lojas ou shopping centers, trabalhadores em empresas, operários em fábricas, visitantes em prédios ou condomínios. E como se isso ainda não fosse suficiente, existem outros que filmam a si próprios e publicam suas imagens, ao vivo ou gravadas, na net para “socializarem”. Sem é claro esquecer dos já famosos e sem glamour reality shows. A realidade, intimidade e estupidez de seres humanos (celebridades ou não), expostas para avaliação da massa. O que Aldous Huxley diria de tudo isso?

Há 50 anos atrás, acredito que as pessoas viviam com menos pressa e com mais qualidade. Os carros andavam mais devagar, os trens bala ainda não assustavam ninguém, as cartas demoravam uns 2 dias para chegar, os telefonemas tinham caráter de importância, as crianças brincavam fora de casa e as pessoas se encontravam quando queriam conversar e matar as saudades, ao invés de mandarem um email, um “torpedo” ou ligarem nos celulares uma das outras enquanto esperam a roupa na lavanderia, ou o carro na saída do restaurante.

As crianças de hoje em dia não souberam como era o mundo sem internet, sem TV a cabo, sem celulares, sem MP3, fotografia digital. As vezes, acho que as coisas estão rápidas até demais. Seu chefe pode te achar em qualquer lugar, você pode fazer aquele “trabalhinho” em casa mesmo e mandar por email. Você disponibiliza arquivos enormes via FTP, não precisa mais de um “portador” para levar nada de um lugar a outro. Quanto mais práticos e rápidos os processos de comunicação e também humanos se tornam, mais dependente deles ficamos e menos tempo para o resto temos. O que foi criado para agilizar e poupar tempo, apenas acelerou ainda mais os mecanismos e deixou a sensação de que “fazer nada” é perda de tempo e tempo, como todo mundo sabe, é dinheiro.

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