Chá ou Café?

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segunda-feira, agosto 28, 2006

Paulistana sim e daí? – uma história de café, com fumaça

Talvez eu seja uma das poucas paulistanas, ou paulistanos que acredita que andar na Avenida Paulista é terapêutico. Ok, talvez eu seja apenas mais uma das milhares de pessoas que acham isso, nada especial, admito. Mas o fato é que eu sou uma paulistana típica e por pior que pareça, adoro isso.

Tá, não gosto de perder grande parte do meu dia no trânsito, muito menos me intoxicar com a poluição da cidade, mas quando você aprende a conviver com os defeitos daquele que ama, a vida se torna mais fácil.

Outro dia, à noite, eu desci na Consolação e ia até a Casa das Rosas, que fica simplesmente no fim da Paulista. Obviamente, eu poderia fazer todo o trajeto de ônibus ou metrô, mas resolvi fazer a pé mesmo. Assim, terapêutico. Não estava com pressa, portanto não precisava correr, mas como toda boa paulistana, não consigo simplesmente caminhar a passeio. Há que imprimir um ritmo mais cheio de energia e determinação quando se anda pelas ruas de São Paulo, ainda mais na Paulista. Fui andando no meu ritmo e observando o resto à minha volta. Impressionante como você sempre descobre algo novo. As antenas de telefonia e rádio iluminadas. Os prédios, residenciais ou de escritório, num paredão sem fim, um ao lado do outro. As pessoas passando apressadas ou despreocupadas ao meu redor.

Acho que demorei uma meia hora no trajeto todo, mas nem senti o tempo passar. Fui reparando no jeito de vestir, no jeito de andar dos transeuntes. Tentando imaginar de onde estariam vindo, para onde estariam indo, se eram daqui ou de longe, se gostavam de estar ali ou não. Pessoas nos barzinhos bebendo e conversando animadas, vendedores ambulantes oferecendo toda sorte de comes e bebes, bem como diversos artistas anônimos vendendo de colar de sementes a pequenas esculturas de arame.

A Paulista também me agrada porque é plana. Uma reta só. Calçadas largas, faixas de trânsito largas, o Masp, o vão do Masp, o prédio da Fiesp, da Gazeta, do Conjunto Nacional. A Casa das Rosas, o Itaú Cultural e as milhares de outras atrações pequenas ou grandes, bares, botecos, cafés, restaurantes, lojas e o, para mim sombrio, parque do Trianon.

É impossível falar pouco sobre essa avenida. Como falar muito também pode soar extremamente enfadonho. A verdade é que, como toda boa paulistana, eu sou sofro de alguns males típicos. Aquela urgência de fazer tudo o que a cidade tem para oferecer, aquela sensação de estar sempre perdendo tempo, ou perdendo algo melhor. Aquela impaciência, aquela incapacidade de sentar e apenas observar o tempo passar. E talvez seja por isso mesmo que a Avenida Paulista me agrade tanto, porque ela consegue reunir tudo isso. A pressa dos executivos com a admiração dos turistas, a crueldade dos bancos com a sensibilidade dos espaços culturais, os mais diversos modos de vestir, de falar e pentear o cabelo. E o mais importante, a sensação de pertencer. Porque entre as hordas de pedestres que cruzam a avenida incontáveis vezes de dia ou de noite, você pode ter certeza que todos compartilham desse acúmulo de tudo e mais um pouco que é viver em São Paulo.

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