Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, agosto 29, 2006

Sem licença (poética) para metáforas - uma história de café, que parece chá, mas é café

Sem querer ofender ninguém, odeio gente que só fala em metáforas. Eu mesma, vez ou outra, uso uma metáforas aqui e ali para explicar alguma coisa, ou deixar o discurso mais poético e cafona também, admito. Mas tem gente que só consegue falar com metáforas, como se a vida fosse uma comparação sem fim, um eterno ser e não ser, parecer e querer sem saber e ah...

Tipo aquele discurso, “na minha vida, me deparei com muitos obstáculos, mas consegui superar todos eles. Alguns eu circundei, outros eu escalei, mas nenhuma deles me impediu de continuar a minha jornada pela estrada da vida”. Juro, precisa de tudo isso? Porque não dizer logo que levou um fora da namorada, foi demitido do emprego e ainda tomou um puta tombo na rua, no sentido real da palavra, nada de literalidade nesse momento e, mesmo assim, ainda está vivo, feliz (as vezes nem tanto) e respirando (as vezes com dificuldade).

E aquela história do copo está meio cheio ou meio vazio? Foda-se! O copo tem metade do seu volume de água e pronto. Se está meio cheio ou meio vazio, pouca diferença faz. Tem menos água e não mata a minha sede, é isso que importa (adeptos mais fervorosos das teorias psicológicas, nesse momento, dirão que eu preciso de muita água para matar a minha sede, que isso pode simbolizar uma eterna sensação de insaciabilidade frente à vida, um total vazio, um ser que nunca está completo porque nunca tem o que acredita ser o suficiente para preenchê-lo).

À merda com tudo isso. Simplesmente não me convence. Metáfora na poesia tudo bem, foi criada para isso. Metáfora na prosa, tudo bem também, enriquece o discurso. Metáfora na vida real, ok, uma aqui e outra ali, tudo bem. Agora, metáfora na mesa do bar, simplesmente não dá. Metáfora em conselhos ou teorias mirabolantes são altamente irritantes. Para que ficar cheio de rodeios, cheio de palavras complicadas e associações sem sentido se o que se tem para dizer é tão óbvio e objetivo?

A metáfora é uma figura de linguagem criada para enriquecer o discurso, para oferecer uma visão mais poética da realidade. Entretanto, usada no dia-a-dia para as coisas mais banais do mundo, só empobrece a alma. Dinâmicas de grupo. Irritantes, pedantes e cheias de metáforas. “Este rio aqui (e o ser humano aponta para o meio da sala onde você tem que imaginar que existe um rio, quando a única coisa que você consegue ver é o carpete sujo e algumas migalhas) simboliza a sua vida”. Nesse momento, o cara já elevou a metáfora ao quadrado. Primeiro por sugerir que o espaço entre as duas extremidades da sala é um rio e segundo por afirmar que tal rio é a vida de alguém. “Agora, você vai ter que cruzar esse rio e chegar até o outro lado. Como você faria isso?” Aí tem neguinho que vai a nado, outro em bote salva vidas, tem gente que mergulha de cabeça, outros com bóia de patinho, tudo isso figurativamente falando, é claro, porque você tem que IMAGINAR a coisa toda. Aí, passado o grande mico, vêm as grandes conclusões. Fulano que usou bóia de borracha é imaturo, cicrano que mergulhou de cabeça é muito atirado, pode ser perigoso e blah blah blah.

A pergunta é: Precisa de tanto? Diz para mim! Precisa de tanto? Eu adoro análises psicológicas, acho a maioria das teorias as mais corretas possíveis, afinal, o ser humano é absurdamente subjetivo e não podemos objetivar e racionalizar todas as suas ações e reações. Mas certas coisas simplesmente significam certas coisas e nada além disso. Não adianta querer traçar teorias mirabolantes ou interpretar o não-interpretável. Esse acúmulo de prepotência, de sabedoria difícil simplesmente não chega a lugar nenhum.

É nessas horas que eu me pergunto, onde esse mundo vai parar? Metaforicamente falando, é claro. Porque objetivamente falando, esse mundo pode parar em qualquer lugar. Nessa galáxia, na outra, numa grande explosão. Mas enquanto existir a metáfora, nunca pensaremos nessa assunto como um fim próximo, apenas como mais um estágio para a evolução.

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