Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

quinta-feira, maio 10, 2007

Meio coorporativo, um organismo vivo e ciente disso – uma historia de café, pra matar o trampo

O mundo corporativo é realmente um ambiente a ser antropologicamente e sociologicamente estudado. Um ecossistema a parte que se mantém de maneira bizarra, quando não aleatória, várias vezes independente do comportamento ou vontade de seus integrantes.

Baseando suas ações, reações, regras e normas de conduta no princípio da hierarquia, involuntariamente, todas as relações estabelecidas possuem suas fundações solidamente afixadas no medo.

Sendo assim, entramos na área dos cumprimentos. O mais forte cumprimenta o mais fraco com desdém, com a sabedoria de ser o portador da força, aquele que inspira sentimentos de terror sem ao menos proferir uma única palavra. Do outro lado, o mais fraco abaixa a cabeça, ciente de sua posição inferior, e espera por qualquer palavra, de ordem, escárnio ou até de simpatia.

Chegamos, então, ao código de boas maneiras coorporativas. Entonação de voz, postura de tronco, aceno de cabeça, posicionamento dos pés. Cada detalhe conta quando é necessário transitar de um nível hierárquico a outro.

Reuniões podem ser extremamente cansativas, não pelo assunto ou pela duração, mas sim pela tensão psicológica que trazem consigo. A escolha das palavras, dos olhares, o momento certo de beber água ou pedir um café. Tudo conta pontos. Cada ação está sendo minuciosamente estudada para uma possível avaliação e veredicto final.

A dura conclusão é que, mesmo ao fim de uma jornada de trabalho, de anos de empresa, de amizades sinceras e inúmeras juras de amor em Happy Hours, os indivíduos nunca conseguem compreender de modo pleno como se comportar adequadamente em todas as situações. Há sempre uma exceção, há sempre uma dúvida, há sempre uma insegurança. Talvez esse seja sim o maior alicerce do mundo corporativo, a sua total incompreensão, falta de lógica e aleatoriedade. Sem saber corretamente o que fazer, para onde ir e o que dizer, o sujeito continua empregado, não tanto pelo seu salário ou valor frente à sociedade, mas sim pelo medo e total estranheza de por um acaso se ver um dia livre no mundo, despido de todos os seus valores, deveres e temores coorporativos.