Há 10 anos atrás, o mundo era bem diferente. Principalmente se considerarmos as mudanças econômicas, sociais e comportamentais que a evolução das telecomunicações nos trouxe. A tecnologia em si trouxe novos empregos e modificou a maneira de executar os velhos. A comunicação móvel se tornou indispensável e a internet se fez mais rápida e acessível para muitos.
Passada a primeira bolha de 1999 e 2000, a rede voltou a ser um ambiente cheio de oportunidades para investir, inovar e também articular. A internet mudou as nossas vidas. Talvez com mais impacto a vida de algumas gerações. Por ter vivido em um mundo analógico e agora estar em um mundo digital, a minha sensação pessoal é realmente de que a internet é uma realidade paralela.
Uma realidade paralela com suas noções peculiares de consciência, distância, tempo, localização e leis. Na internet, a gente compartilha coisas com estranhos que não compartilharia na vida real. Ninguém sai pela rua distribuindo álbuns de música, filmes, livros. Muito menos sai gritando as próprias opiniões ou sentimentos profundos aos quatro cantos.
O acesso instantâneo a qualquer tipo de informação vinda de todas as partes do mundo e onde quer que você esteja (salvo alguns países) também nos tornou mais imediatistas. Frases curtas, imagens em abundância, muitos vídeos. Tudo tem que ser absorvido e devolvido muito rápido.
E quando essa informação volta para a rede, volta em forma de expressão pessoal ou de grupo que se espalha rapidamente. Assim, é comum uma notícia que cause indignação virar protesto em minutos, ou um simples aniversário de adolescente virar a maior festa do bairro.
Mas por tudo isso de novo que ainda pega de surpresa o mundo antigo, a internet é hoje uma terra sem leis. Porque as leis do mundo lá de fora, não se aplicam na realidade aqui de dentro. São dois universos completamente diferentes que, por isso mesmo, não podem ser regidos pela mesma legislação. E é esse um dos grandes problemas atuais. Como regulamentar algo totalmente novo e que não se encaixa no que existia até agora. São dois mundos distintos, correndo paralelamente, mas que de similares tem muito pouco. As próprias pessoas são uma coisa no mundo real e outra no mundo virtual.
O que acontece é que o próprio meio, através da atividade de seus participantes já criou suas próprias leis, ou não leis, sua própria organização social, cultural e política. E isso, é claro, é totalmente diferente das leis aplicadas no mundo aqui fora.
Um amigo disse que o velho mundo está afundando e enquanto isso tenta levar o novo mundo junto com ele. Quero acreditar que o novo mundo pode nos surpreender o suficiente para não se deixar levar e ainda trazer consigo coisas muito mais interessantes à superfície.