Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, março 27, 2012

Banal – uma história de chá, sem sal


Fugia do lugar comum mais do que o diabo foge da cruz.
Numa corrida desabalada, acabava em beco sem saída, e recorria aos santos e orixás.
Preso em uma sinuca de bico, voltava à estaca zero.
Andava e andava em círculos. E de repente, já não era mais era o mesmo.
Talvez por isso não existisse feitos um para o outro.
Estava sempre pela tangente. Caindo pelas tabelas.
No seu aniversário, todos ganhavam presentes, menos ele.
Nos dias de calor, deixava o sol entrar.
Nos dias de chuva, esperava a bonança.
Mas todo dia era dia de recomeçar.
E fugia do lugar comum. Pra parar no mesmo lugar.

segunda-feira, março 26, 2012

Elogio às palmeiras – uma história de chá, à sombra


Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá
Minha terra tem cimento onde rouquejam os motores

Tenho uma pequena fascinação por palmeiras. Indissociáveis às praias, ainda assim também cabem nas cidades. Gostaria que coubessem mais. Mas existe o concreto.

Mesmo assim, contrariando os escapamentos, o piche, a avareza e a pobreza de espírito, meus coqueiros e outras palmeiras ainda encontram alguns pequenos paraísos para viver.

Gosto de observá-los silenciosamente, disfarçando um sorriso. Que sorrir sem motivo em São Paulo é atestado de vagabundagem. A gente não se permite. Mas fico andando pelas ruas e contabilizando um coqueirinho aqui, uma palmeira imperial ali.

Às vezes paro e fico tentando apreender todo o momento. Reparo no detalhe das folhas. Na altura. No desenho do tronco. No contraste com o azul do céu. Na sombra do contra luz. E meio que hipnotizada, tenho que lembrar de voltar a me mover. Que mais uma vez, ficar parado em SP é coisa de quem não tem o que fazer.

A impressão que tenho é que palmeiras são árvores felizes, calmas, satisfeitas. Passam uma tranquilidade, uma alegria. A mim, parece que estão sempre sorrindo. Por isso sorrio a elas também. Acho fascinante que na dureza (natureza) de São Paulo seja possível crescer algo assim. E faço questão de observá-las. Principalmente, porque sei que a grande maioria dos transeuntes não lembra ou tem vontade de fazê-lo. E elas estão ali, sacudindo delicadamente, silenciosamente, pedindo apenas um olhar.

Minha terra tem cimento. Minha terra tem palmeiras. Por favor, calem os motores. Vamos ouvir os sabiás.

quinta-feira, março 22, 2012

Minha pequena contribuição para os problemas de trânsito de sp – uma história de café, à base de fibra de carbono


Grandes cidades guardam belíssimos tesouros do mau gosto e do desespero. Para mim, o pior deles, o mais irritante é a buzina. Não a buzina engraçadinha, o fom-fom pra gostosa que passa na rua, o cumprimento ou a saudação. Mas a buzina histérica, raivosa, descontrolada. O que mais tem em São Paulo é gente estressada. E o que a gente estressada mais tem é carro (ou seria o carro que tem a gente estressada?). Aí você junta os dois, dá uma buzina de presente e pronto. Trombetas do apocalipse.

Só porque está dentro do seu carro, sozinho, parado no congestionamento o sujeito acha que vai fazer o trânsito andar com o poder de sua buzina. Claro. Buzinas estão para o tráfego assim como Moisés está para o Mar Vermelho. Só sentar a mão na borrachinha que você magicamente se transporta para além do amontoado de carros.

Poucas coisas me tiram tão do sério quanto o barulho de uma buzina apertada até a exaustão. Aquela nota que não é nem grave nem aguda esticada até o último suspiro. Aquele barulho que quebra a barreira da minha paciência e faz todas as ondas gástricas do meu ser quererem explodir. E fulano não desiste. Nada muda. Nenhum gênio aparece. Nenhuma fada madrinha. Os carros não se movem um centímetro sequer e nada de tirar a mãozinha da buzina.

Acho que uma solução eficaz, tanto para o trânsito, quanto para os humanos que habitam essa cidade seria o sistema de ejeção eletrônica de maníacos da buzina. Simples. Sentou a mão na buzina é automaticamente e instantaneamente arremessado para fora do carro e jogado no alto de uma montanha sem mais nada em volta. Silêncio. Paz. Quietude. Nada de carros. Nada de pessoas. Nada de estres. Nada de cidade.

Um carro a menos. Um psicótico a menos. Uma paz de espírito a mais. Aliás, duas. A minha e a dele.

segunda-feira, março 19, 2012

Proíba-se - uma curta história de chá, de não


Não diga o que pensa
Não declare o que sente
Não deseje o que ama
Não faça o que gosta
Não consiga o que quer

Cativeiro do medo
Vida proibida