Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Porque as mulheres gritam – uma história de chá, de romã

Às vezes eu me pergunto, por que as mulheres gritam tanto? Não querendo me colocar fora dessa, mas tem vezes que até eu mesma fico chocada, observando de longe meio sem reação, pensando se eu faço a mesma coisa. São gritinhos agudos de (falsa) felicidade, gritos longos de (falsa) surpresa, gritos estridentes, curtos, urros. Todos eles. Os homens não gritam tanto assim. Eu acho. Ou se gritam, pelo menos não atingem os mesmos decibéis, machucando os ouvidos.

Pode reparar, uma das grandes características de homossexuais ou transexuais mais afetados é gritar a toda hora e por qualquer coisa. Isso porque rola um exagero de suas características femininas. E tem coisa mais de mulherzinha do que sair por aí gritando a torto e a direito?

Situação típica. Uma grupo de amigas, (não precisam ser muitas, umas quatro já dão um bom exemplo), que não se vêem há muito tempo se encontram. É um berreiro. Quem tá dentro pode até não reparar, mas de fora é realmente a mesma coisa que jogar milho no galinheiro. É possível, até, ver as penas voando.

Que as mulheres gritam para tudo, a toda hora e nos mais diferentes volumes e freqüências todo mundo sabe. Agora o que eu queria saber é porque isso acontece. O que faz com que o ser humano do sexo feminino, em determinadas situações, se esgoele para mostrar sua: a. feminilidade; b. fragilidade; c. felicidade; d. todas as anteriores; e. nenhuma delas. Que parte do cérebro comanda essa bizarra reação, ou seria apenas um comportamento social? Você cresce vendo todas as outras gritarem, logo, você deve gritar também para fazer parte do grupo, do gênero. Isso explica porque as adolescentes gritam tão exageradamente mais, afinal, essa é uma época difícil, é importante afirmamos quem somos e sentirmos inseridas no grupo.

De qualquer forma, acho que isso nunca vai mudar mesmo. Já é uma tradição. O engraçado é que, dependendo da cultura, elas podem gritar muito ou pouco, alto ou baixo. As japonesas dão gritinhos abafados, as muçulmanas fazem aquele barulho estranho com a língua. Será que na Antiguidade as mulheres já gritavam assim? Será que Cleópatra e suas amiguinhas já tinham essa mania? Maria Antonieta e as damas de companhia?

Provavelmente, nenhuma explicação vai ser boa o suficiente para me convencer, ou precisa o suficiente para me fazer entender. O máximo que pode acontecer é que, diante de tamanha revelação, eu solte um grito num tom nunca antes ouvido e coloque toda a teoria abaixo.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Dramas no mundo cotidiano moderno – uma história de café, de mau humor

Uma compilação das situações que me atormentam no dia a dia mas sem grandes alterações no curso da história da humanidade.

• Meu cabelo tem vida própria. Cada dia ele fica de um jeito e não adianta, por mais que eu me esforce, vire para um lado, mecha para o outro, ele sempre acaba ficando como ele quer.

• Por que as coisas erradas sempre andam em grupos de três? É só uma coisa dar errado que você pode esperar, mais duas delas virão na seqüência. E caso apareça uma quarta, você tá na bosta, porque logo serão 6.

• O ser humano só destrói, corrompe, polui e reclama. A única coisa que ele sabe fazer de bom é amar e nem pra isso mais a gente tem tempo hoje em dia.

• Eu nunca vejo TV, mas toda vez que eu ligo a danada, sempre está passando o mesmo pedaço do mesmo episódio do mesmo seriado que eu nunca lembro o nome.

• Não importa se eu começo a procurar no começo da pilha de papel ou no fim, a folha que eu preciso é sempre a última.

• Sempre que eu tô com o dinheiro contato até o fim do mês, alguma coisa de vital importância quebra e eu tenho que pagar um absurdo com o conserto.

• Por que quando está chovendo, o motorista do busão sempre ignora o meu ponto?

• Por que sempre que eu tenho uma grande idéia pouco antes de dormir, eu nunca lembro dela quando acordo?

• O pipa ou A pipa?

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Certificado de veracidade da mentira – uma história de café, galhofeiro

Existem alguns profissionais que já são vistos como mentirosos antes mesmo de sequer pensarem em abrir a boca para dizer alguma coisa. Os óbvios advogados, publicitários, e claro, qualquer um que esteja no ramo da política. É verdade que você não deve NUNCA colocá-los no mesmo saco, um publicitário tem horror em ser comparado com um advogado, entretanto creio eu, que políticos adoram ser comparados com publicitários e advogados, uns até os são.

Por outro lado, existe também muito lobo em pele de cordeiro, aqueles que mentem escondidos atrás do véu da verdade. Jornalistas, documentaristas, professores e até médicos. Gente que vive espalhando por aí declarações, afirmações, constatações, muitas vezes, baseadas apenas em opinião pessoal.

Quando um publicitário/advogado/político abre a boa, todo mundo já espera que o que quer que vá sair dali seja uma grande mentira e se por algum acaso, tiver relação real com a verdade, será uma versão incrivelmente exagerada dos fatos reais. Ninguém mais acredita em nada do que eles falam, nem eles mesmos, e aparentemente, todo mundo convive bem com esse fato. Uns fingem que contam uma novidade, outros compram a idéia e todo mundo vai se enganando porque assim é mais fácil.

Mas o real problema começa quando temos que lidar com os legítimos “portadores da verdade”, aqueles que supostamente deveriam entregar os fatos como tais e deixar que seu interlocutor interpretasse a mensagem. Esse é o maior erro, porque tendo conhecimento do poder que possuem, aquele de proferir apenas a VERDADE, eles podem inclusive inventar a versão que mais lhes convir.

Jornalismo opinativo até pode ser um modo de informar, mas eu ainda acho muito perigoso, quando isso deixa de ser percebido, passando a simplesmente ser assimilado, incontestado e acatado. Porque se você já está condicionado a não acreditar na propaganda, mas no jornal você acredita, quem garante que os limites entre um e outro não são ultrapassados quando os dois convivem de modo tão interdependente? É fácil virar as páginas de uma revista sem notar os anúncios, se prender com unhas e dentes em uma matéria e sair dali fazendo exatamente o que o jornalista manda. Agora, sair e comprar o que quer que o anúncio vendesse já não é tão fácil assim. E porquê? Simplesmente porque se convencionou que um é o vilão e o outro é o mocinho.

Essa necessidade maniqueísta do ser humano de opor bem e mal. Colocá-los em lados opostos e não aceitar um conjunto intersecção provindo do contato entre um e outro. Assim, fica fácil ignorar um lado e idolatrar o outro cegamente, sem questionamento, sem renovação.

Sei que nesse mundo moderno, onde as pessoas não têm mais tempo para nada, é difícil parar e tentar rever coisas que há tanto tempo já fazem parte de nosso comportamento, mas às vezes vale o exercício. Vale a pena, um dia, inverter os papéis. Ler as notícias como publicidade e ler a publicidade como notícia e constatar que, tais vestes parecem até novas nos velhos personagens.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Por que eles dependem tanto de nós – uma história de chá, servido com esmero

Se um dia desses, num acaso do destino, você estivesse andando calma e tranquilamente na rua e o incrível oráculo das três perguntas simplesmente pulasse na sua frente oferecendo a resposta para a tríade das questões irrespondíveis, o que você indagaria? Eu já elegi as minhas. Duas clássicas, é obvio, “qual é o sentido da vida” e “o que acontece depois que a gente morre” e uma que me perturba nas horas vagas “porque é que os homens são tão dependentes das mulheres?”.

Seria culpa de Eva? Culpa da galinha que colocou os ovos antes que os ovos fizessem as galinhas? Joanna d’Arc? Lady Guinevere? Queen Elizabeth? Aquelas outras que queimaram sutiãs????? Complexo de Édipo? Problemas com a cicatrização do cordão umbilical? Falta de amamentação? Super amamentação?

É difícil saber quem ou o quê culpar, o fato é que os homens são sim dependentes das mulheres. É claro que uns menos, outros mais, porém todos eles se mostram incapazes de realizar tarefas simples na ausência de nós, seres da raça feminina. E o que mais me intriga é que sim, eles tem total consciência disso, chegam a admitir em certas ocasiões e mesmo assim, reconhecendo tal incapacidade de lidarem com a vida sozinhos, muitos deles ainda tem a coragem de esbravejar aos quatro cantos que são melhores, sabem mais e isso ou aquilo. Se são às vezes incapazes de lavarem as próprias cuecas, acho bem improvável que possam ser tão grandiosos assim. Acho que tudo é parte de um mecanismo de auto-sugestão, se eu repetir isso infinitas vezes, irei acreditar e a vida pode ser mais fácil.

Grandes discursos femininos a parte, eu fico impressionada com a inabilidade que eles têm de não se adaptarem à novas situações. Como aquele ratinho que estava condicionado a pegar a comida no canto esquerdo da gaiola. Quando mudam o alimento para o lado direito, ele passa fome durante uma semana até que numa fúria de seus instintos, resolve sentir o cheiro e acha o jantar esperando naquele improvável canto direito.

Hoje escutei de um amigo, no seu estado vermelho radioativo de sol, que não tinha passado protetor solar porque não tinha nenhuma mulher para passar. Exageros à parte, não duvido que uma porção disso seja verdade. Já vi homem não comer fruta por ter preguiça de descascar. É só aparecer com a salada de frutas pronta que eles se jogam de cabeça. Acredito que tem uns e outros por aí que quando a mãe, mulher, namorada ou empregada sai de férias, passam fome ou não lavam a roupa nem passam pano na casa durante dias. Tem uns que não conseguem nem achar o telefone do disk-comida.

O pior de tudo é que, no fundo, parte da culpa dessa irritante dependência é nossa. A mãe que faz tudo pelo homenzinho para que ele possa gastar todo o seu tempo apurando sua masculinidade. Afinal, cozinhar, limpar a casa e outras coisas são (eram) serviço de mulher. Aí, o jovem rapaz cresce, se desenvolve, arranja uma namorada que, sabiamente, começa a fazer pequenos agrados. Um jantar aqui, uma arrumadela acolá. Quando vê, ele já não faz mais nada sozinho e ela não pára de servi-lo.

De repente, era pra ser assim mesmo. Não adianta ficar aqui pensando culpa de quem tudo isso é. Não adianta queimar toneladas de roupas de baixo em protesto, em espírito de libertação. Esse instinto materno não vai nos deixar parar de querer cuidar e esse desamparo inerentemente masculino não os deixa parar de depender.

Those good old times – uma história de chá, de saudade

Por que frequentemente temos a impressão de que os tempos idos eram melhores do que aquilo que se vive hoje em dia? No fundo, no fundo, não se tem certeza se a afirmação é verdadeira, mas é inevitável soltar um “ah, no meu tempo era diferente”, “aquela época é que era boa” e a clássica “eu era feliz e não sabia”.

Acho que o saudosismo já faz parte do ser humano. Não tem como separar uma coisa da outra. Por mais que o que tenha acontecido no passado nem tenha sido tão fantástico assim, olhar para trás com os olhos de hoje sempre trás saudade e nostalgia.

É aquela coisa, o ano chega ao fim e você sempre espera que o ano seguinte seja melhor, porque afinal, pior não pode ser, e logo você se vê na mesma armadilha, sentindo falta daquilo que passou. Acho que é característica do ser humano relevar as coisas ruins e ficar sempre com a melhor lembrança. Como fim de namoro. Passado o trauma, a raiva e qualquer outro tipo de sentimento que envolva o rompimento, fica apenas aquela névoa dos bons momentos compartilhados juntos, lá se foram as brigas, os desentendimentos e toda a confusão do período final. Não sei se o ser humano é bobo ou esperto nesse aspecto. Esquece que o pior já passou e por vezes se mete nas mesmas enrascadas. Por outro lado, é muito melhor viver com a lembrança de algo bom, do que se machucar com a recordação de uma mágoa.

A impressão que eu tenho é que quando criança, eu era feliz sem precisar de muito. Às vezes, dá vontade de voltar no tempo e ficar lá. Mas só de em pensar em ser adolescente de novo e todas as outras coisas já me faz mudar de idéia rapidinho. Acho que no fundo a gente se ilude com esse negócio de passado. Só porque não pode ter, acha que seria melhor. E, provavelmente, vivendo o que quer que seja que agora temos saudades, naquele momento, estaríamos desejando estar em outro tempo e assim um após o outro.

Deve ser essa constante insatisfação do ser humano. Aquilo que nos move. Nunca está feliz com o que tem, quer o que não pode ter e sempre deseja algo que já passou, só pelo prazer mórbido de se torturar com o desejo que nunca será realizado. Acho sim que todo mundo tem um pouco de sádico. Ficar relembrando a mesma situação boa inúmeras vezes, num último esforço de não perder aquela sensação, sem perceber (ou percebendo) que assim, apenas cutuca a ferida da certeza de nunca mais poder ter aquilo de volta. Mas se lá, acho que na verdade é essa inesgotável vontade de algo que ainda não se tem que nos mantém caminhando para frente.