Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, julho 23, 2013

Os excluídos são os outros – uma história de chá, com exclusividade


Excluir: expulsar, retirar, rejeitar, privar de posse.
Exclusivo: que exclui, restrito, privativo.

Duas palavras com o mesmo radical. Com a mesma origem. Entretanto, enquanto todo mundo quer ser exclusivo, ninguém quer ser excluído.

Interessante que, ao pé da letra, dá na mesma. Exclusivo também tem o sentido de excludente, ou seja, que exclui. Uma ação de caráter exclusivo, por exemplo, tem como objetivo retirar, limitar a participação de outros.

Quem exclui priva a posse, quem é exclusivo presa pelo privativo. Lindos opostos, sem ser.

Ao ser exclusivo, você exclui. Quer ser único, mas não quer ser o excluído, e sim o excludente.

Mas é aí que está a magia da coisa. Todo mundo quer ser exclusivo, mas ninguém quer ser excluído. E, ao ser exclusivo, você exclui o outro, que muito bem pode ser você. Porque se no mundo de hoje todo mundo é exclusivo, ou os excluídos são os outros, ou são você.

terça-feira, julho 02, 2013

V.I.P. – uma história de café, passado a limpo


Ser especial é tudo, não é mesmo?

Quando eu era criança, diziam que especial é nome de pastel.

Houve um tempo em que especial era a pessoa com deficiência mental.

Mas hoje, todo mundo quer ser especial. Se sentir especial. Mas não quer ter nada a ver com pastel (só se for gourmet) e muito menos com deficiência mental (se bem que reparei que autismo está hype).

Todo mundo quer ser especial.

Tem gente que prefere ser especial do tipo pessoa muito importante. Tem aqueles que optam por ser Prime, Premium, One e tantos outros. Nem os alimentos ou objetos escapam. É gourmet, é gourmand, é releitura, é assinado....

Minha terapeuta me explicou que, normalmente, as crianças desenvolvem essa sensação de sou especial para ajudar a superarem algum trauma na infância e poderem seguir em frente.

Então, das duas uma, ou querem que a gente acredite que tem que ser muito especial para lidarmos com os medos e desafios dessa vida, ou então estamos cercados por milhares de crianças medrosas que só querem voltar correndo para assoar o nariz na barra da saia da mãe.

Todo esse povo lutando tanto para ser tão especial só pode estar realmente com muito medo de olhar para si mesmo e perceber que é feito da mesma matéria e essência que o especial ali do lado. E não existe rótulo nenhum que possa mudar isso.