Chá ou Café?

Chá. Chá preto, chá verde, chá mate, chá de lírio, chá de cogumelo.... para reunir os amigos, para conversar, para viajar... Histórias mais filosóficas, mais sensoriais, mais espirituais, mais... ........................................... Café. Café curto, café longo, café com um pouquinho de leite. Pra acordar, pra deixar ligado, pra tomar rapidinho no balcão. Histórias do dia a dia, teorias de 2 segundos, pirações mais terrenas...

terça-feira, outubro 30, 2012

Põe a roupa no varal - uma história de café, geladinho


Para ler ouvindo 

Faz um calor da linha do equador em São Paulo. Segundo a internet, hoje a sensação térmica foi 40 graus. É calor que vem de todos os lados. De cima, de baixo. Do asfalto, dos muros, do cimento, da construção, da britadeira, da escavadeira, do trator, do caminhão, do escapamento, da árvore que não tem.

Alucinando no meu deserto particular, eu sonho com um ar condicionado. Invejo os peixes do aquário curtindo a vida embaixo d'água. Penso em transformar o tanque na área de serviço em banheira. Quero me mudar para a praia. Amaldiçoo todos aqueles com uma piscina particular.

Aí eu tomo um banho gelado. Volto a mim, pra logo depois voltar a malucar. Abro a geladeira só para tomar a fresca. Invento de pegar mais gelo só para ficar mais próxima do congelador. Mas a grande descoberta do dia, essa sim, a grande descoberta do dia foi a roupa no varal.

Roupa no varal é ar condicionado natural. Nada de delírio de lavadeira. Isso aqui é coisa séria. Lava a roupa de cama. Lava a roupa de banho. De preferência, tudo bem pesado pra fazer a diferença. Aí estende tudo no varal e aguarda. É química, é física, é sublime sublimação. Água geladinha evapora, brisa fresca instantânea. Funciona na área de serviço, na laje e no quintal. Faz o teste. Hoje, a grande rainha do lar foi a máquina de lavar.

Ode ao verão – uma história de chá, pelado, pelando


Calor dos diabos. Calor dos infernos.
O inferno é quente. É vermelho. Pega fogo.
É barulhento, é caótico, é de enlouquecer. É nu.
Aqui, na terra dos vivos, isso pode ser luxuria.
Aqui, na terra dos vivos, isso pode ser verão.
O frio não chega a ser de deuses, mas tem um quê celestial.
É azulzinho o frio. É calmo, é tranquilo. É pudico.
Aqui, na terra dos vivos, isso pode ser castidade frígida.
Aqui, na terra dos vivos, isso pode ser inverno.
Que por uma letrinha apenas escapou de ser verão.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Gosto de chuva - uma história de chá, com gosto de chuva


Eu gosto de assistir a chuva cair. Gosto de ouvir o barulho da chuva a rolar. Gosto de temporais. Gosto de raios, gosto de trovões. Gosto do cheiro da chuva. Gosto do vento molhado.

Gosto de tomar chuva. Mas só quando tá calor. Gosto que chova o dia inteiro. Mas só quando eu não quero sair de casa. Gosto daquela chuva que cai forte, barulhenta. Mas só se estou escondida em casa, olhando a chuva de soslaio. Gosto de um domingo chuvoso. Mas só se tiver com quem ficar abraçadinha. Gosto de uma segunda-feira de chuva. Mas só se não é feriado.

Gosto de chuva.

Mas prefiro o sol. Eu prefiro o sol. Prefiro muito mais o sol.

Intermission – uma história de chá, jogado


Eu jogo conversa fora.
Mas guardo meus segredos a sete chaves.

Eu falo abobrinha.
Mas não cozinho assunto.

Gosto de bater papo.
Mas não gosto de bater boca.

Gosto de ficar de papo pro ar.
Mas não dou moral pra boca mole.

Eu gosto de botar a boca no mundo.
Mas não coloque meu nome na boca do sapo.