Nos últimos 20 anos, a maneira com que as pessoas se divertem e se relacionam mudou bruscamente e isso devido, é claro, ao acelerado avanço das novas tecnologias e telecomunicações.
Foi-se o tempo em que o CD ou o DVD eram grandes novidades. Hoje, quem não ouve música no formato mp3 ou qualquer outro digital não está apto a conhecer essa ou aquela outra novidade. Quem não assiste vídeos na internet não está por dentro das últimas notícias ou piadinhas. E já faz muito tempo que alguém não me mostra um álbum de fotos de verdade. Agora é só convite de e-mail para “veja meu álbum virtual”.
E também existem aquelas pessoas que levam outra vida no meio virtual como Second Life ou outros similares, mas a base é sempre a mesma, hoje em dia, as pessoas passam mais tempo na frente de seus computadores do que dormindo ou fazendo qualquer outra atividade social. E, desta maneira, é imperativo que elas continuem exercendo sua individualidade através desta ferramenta e de sua invenção mais colaborativa, a internet.
Seria impossível imaginar a vida nos dias de hoje sem esta incrível descoberta. Quanto tempo você economiza na vida por organizar seus compromissos, compras e viagens através da internet? Conversar com amigos e pessoas queridas utilizando cartas que chegam instantaneamente, ou ainda ficar o dia inteiro de bate papo através de tantos utilitários de mensagens instantâneas.
Tudo fica mais simples com a internet. Ver fotos, assistir filmes, marcar um encontro, conhecer um outro país, saber das notícias antes dos jornais, ouvir música, fazer amigos, iniciar relacionamentos.
Todos esses avanços também foram muito benéficos para a saúde financeira das empresas. A comunicação entre todos os setores ficou mais fácil, o transporte de materiais ou documentos se tornou mais ágil, o relacionamento entre cliente e empresa se tornou mais íntimo.
Entretanto, nem todo o setor empresarial gostou desta modernidade. Afinal, a internet é um lobo em pele de cordeiro, já que facilita os relacionamentos empresariais, e pessoais também. Ou seja, o funcionário que passa o dia todo trabalhando em seu computador, pode muito bem também se perder nas diversões atraentes da rede.
E é por isso que, hoje em dia, na contramão da tecnologia, milhares de empresas adotam práticas de censura cerceando a liberdade de seus funcionários. Ou seja, bloqueando certos serviços da internet para que seus trabalhadores não desviem um segundo sequer de sua função primordial.
É o cabresto virtual, onde o funcionário, que passa a maior parte de seu tempo em seu local de trabalho e o resto no trânsito, não consegue se comunicar com o mundo, apesar de o mundo ter se tornado um lugar tão fácil de se comunicar.
O trabalhador devidamente acabrestado não pode mais trocar e-mails pessoais com amigos e parentes, muito menos passar meia hora no bate papo para combinar o churrasco do fim de semana. Também não pode ouvir música, checar as últimas notícias, ou assistir um vídeo para distrair. E tudo isso, é obvio, para produzir mais, mesmo que infeliz. Pois obviamente, para estas genialidades administrativas, a felicidade de seus funcionários não é proporcional ao seu rendimento. Só eles para acreditarem que gente infeliz produz mais.
E assim, hoje em dia, depois de tanto trabalho para evoluir e alcançar maravilhas tecnológicas, é hora de voltar às origens. Eu trabalho numa agência de publicidade e as mudanças aqui, por exemplo, já estão agendadas pra que ninguém fique de vadiagem na internet. Eu que sou redatora vou ganhar uma máquina de escrever. Os diretores de arte, um jogo de esquadros, régua e compasso. Os programadores, um ábaco, os atendimentos, uma agenda e o resto que pare de reclamar.